Economia aquecida também se reflete no preço dos alugueis, aponta o IVAR, do FGV IBRE

Por Solange Monteiro, do Rio de Janeiro

O Índice de Variação dos Alugueis Residenciais (IVAR), do FGV IBRE, registrou alta de 1,93% em agosto, levando o acumulado em 12 meses para 9,97%. Em agosto de 2023, esse acumulado era 2,48 pontos percentuais menor, indicando alta probabilidade de que a inflação de alugueis medida pelo IVAR encerre 2024 mais alta do que no ano passado. Em 2023, o IVAR fechou em 7,46%, para uma inflação geral (IPCA) de 4,62%.

André Braz, coordenador do Índice de Preços do FGV IBRE, afirma que esse resultado é reflexo, entre outros fatores, do bom momento da economia, em especial, do mercado de trabalho. “Tal como outros serviços, os alugueis são afetados pela evolução do emprego. À medida que a taxa de desemprego cai, os alugueis também passam a ser mais procurados”, afirma.

O IVAR mede a evolução mensal dos valores de alugueis residenciais no mercado de imóveis a partir da medição em quatro capitais: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre. Em agosto, apenas São Paulo fechou o índice abaixo dos 10% na medida anualizada. O maior valor foi registrado em Porto Alegre, 11,43%. Ainda assim, é o menor porcentual desde maio (11,5%) refletindo o impacto das enchentes no estado.

Um dado atípico na evolução recente desse mercado, destacado por Braz, é que o aquecimento do mercado de aluguel refletido nos preços acontece concomitantemente ao bom momento do setor imobiliário. O levantamento mais recente feito pela Abrainc, com dados do acumulado de 12 meses até maio, mostra alta de 45,3% nas vendas de novos imóveis, sendo 13% no volume de unidades de médio e alto padrão, com 32,6% de expansão no valor de vendas, e de 59,7% no volume de vendas no segmento do Minha Casa Minha Vida, que apresentou alta de 65,6% nos valores. A duração de estoques, por sua vez, está em 13 meses, contra 24 meses no início de 2023.

Índice de Variação de Alugueis Residenciais (IVAR)
(%, acumulada em 12 meses)


Fonte: FGV IBRE.

Braz atribui esse cenário a uma tendência de diversificação da oferta – em segmentações que atendem a demandas específicas, como de lofts –, mas também às incertezas que pairam na economia, levando os investidores que privilegiam a prudência, apelando para o velho e bom tijolo. “Com isso, temos uma situação que acaba contemplando as duas vertentes: a das famílias para as quais os juros altos ainda são impeditivos para o financiamento da casa própria, e por isso optam pelo aluguel, e a daqueles que desejam um investimento mais seguro”, afirma, reforçando que o normal é de que esses mercados não caminhem na mesma direção.

Braz lembra que a conjuntura aquecida de mercado de trabalho também influencia a dinâmica da construção, refletida no INCC. “A aceleração dos preços da mão de obra  no setor registrada no INCC está acima do observado, por exemplo, no materiais (leia mais aqui), e se expressa na estrutura de custo da construção”, diz.

O economista do IBRE ainda destaca que o IVAR, por ser mais aderente à realidade do mercado, colabora para uma análise mais acurada da rentabilidade de um imóvel, comparando seu preço de venda com a evolução do preço do aluguel.

 


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