FGV debate no Paraná desafios na gestão de preços em obras de infraestrutura de transportes

Por Solange Monteiro, do Rio de Janeiro

Nos dias 24 e 25 de junho, o FGV IBRE e o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) do Paraná promoveram, em Curitiba, um workshop sobre custos referenciais em obras de infraestrutura rodoviária. O evento contou com a participação de especialistas da Superintendência de Infraestrutura e Mercados Globais do IBRE, que explicaram o trabalho do instituto nesse campo, visando elaborar estimativas de custos de obras mais aderentes à realidade do mercado, contribuindo para maior produtividade e eficácia em compras públicas e licitações.

Túlio Bastos, superintendente de Infraestrutura e Mercados Globais do IBRE, destacou no evento a importância da infraestrutura de transportes para o desenvolvimento social e econômico de regional, viabilizando a geração de negócios e empregos, e o acesso a serviços públicos. “Diante dessa importância, é inquestionável a necessidade de garantir planejamento de longo prazo, o que inclui estabilidade regulatória e previsibilidade orçamentária”, citou, destacando análise publicada no primeiro Boletim de Infraestrutura, publicação do FGV IBRE em parceria com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). “O Brasil tem patinado em pensar a infraestrutura como investimento de longo prazo, e precisamos corrigir isso”, reforçou Valter Casimiro Silveira, secretário de Obras e Infraestrutura do Distrito Federal, ex-ministro dos Transportes.

Caio Saravy Cardoso, responsável pela Coordenação-geral de Custos de Infraestrutura do DNIT, descreveu o cuidado para a contínua atualização da análise de custos – no caso do DNIT, estruturada no Sistema de Custos Referenciais de Obras (Sicro), para rodovias, e no Sistema de Custos Referenciais Ferroviários (Sicfer). Tarefa para a qual o DNIT conta com o apoio do FGV IBRE desde 2012. “Um sistema de custos precisar ter todas as peças, como um lego, para um orçamentista montar”, afirmou, citando de equipamentos a insumos e tecnologia envolvida. Se não tiver, e isso gerar uma estimativa com sobrepreço, que pode ser identificado por um órgão de controle, e gerar atrasos em função dessa investigação; no caso de uma estimativa menor do que o custo real, por sua vez, haverá problemas ou na contratação, ou na execução, também acarretando atrasos em obras.

As apresentações dos especialistas do IBRE – cuja equipe foi formada por Leandro Modesto Prates Beltrão, Sandra Castanheira, Sandra Patricia Echeverría Fernandez e Igo Guarino de Moura Sá – destacaram questões como a elaboração das metodologias para cálculo de preços referenciais e índices de reajustamento a questões como a medição do impacto das chuvas na estimativa de custos.  

Mohamad Mudar Kasem, diretor do DER Paraná, descreveu as expectativas com a parceria com o FGV IBRE, dentro do objetivo do órgão de ampliar a produtividade. “Sabemos da importância de refletir como elaboramos editais, descrevemos critérios técnicos, pensando no resultado que se busca ter”, afirmou. Algo que passa, também, por aprimoramentos regulatórios que mitiguem a entrada de proponentes que ofertem descontos insustentáveis, que prejudicam a execução de um projeto.  José Alberto Pereira Ribeiro, diretor-presidente da Engemax Engenharia e Construção, destacou por sua vez a importância do aprimoramento de fontes de financiamento, lembrando que muitas vezes “obras inacabadas acontecem por falta de recursos”.

Em sua participação no evento, Lidiane Blank, gerente de Desenvolvimento de Negócios de Infraestrutura da Votorantim Cimentos, destacou a importância da infraestrutura de transportes para o desenvolvimento regional, e a necessidade de o planejamento de longo prazo para a viabilização dessa cobertura. “O modal rodoviário continuará a ser relevante para isso, mas é preciso pensar na intermodalidade para uma maior efetividade, bem como da redução do custo Brasil”, afirmou, destacando que o país já conta com engenharia de primeiro nível para cobrir esse gap. “Inclusive para atender a demandas relacionadas à ecoeficiência”, acrescentou, citando o exemplo do projeto de pavimentação da rodovia PCR-280, entre Palmas (PR) e a BR 153, que contou com a parceria da Votorantim no uso da técnica de Whitetopping, de aproveitamento do pavimento asfáltico existente na aplicação de um pavimento de concreto. Além das vantagens desse tipo de cobertura, como maior durabilidade, o projeto ainda tornou a rodovia paranaense a primeira em quantificar emissões de CO2 considerando todo o ciclo de vida do pavimento – da extração de matéria-prima ao uso da rodovia ao longo de 20 anos. Essa mensuração foi feita em parceria com o FGV IBRE, através da elaboração de uma metodologia auditável e replicável, cujo processo foi detalhado pela engenheira Sandra Echeverría, superintendente adjunta de Engenharia do FGV BRE, em entrevista ao Blog (leia aqui). “Trata-se de uma mensuração literalmente da extração dos insumos que compõem as matérias-primas, passando pelo processo de produção dos insumos, pela parte de construção da infraestrutura viária, indo até a manutenção e olhando a durabilidade dessa solução ao longo da sua vida útil”, ilustrou Blank. O projeto foi eleito entre os 15 melhores do Brasil, e único com medição de CO2, no evento InovaInfra promovido em abril. “Entendemos que pensar no avanço da infraestrutura brasileira – em todos os campos – também passa cada vez mais pela sustentabilidade”, afirmou.

 


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