Barômetros Globais: recuo do indicador reflete perda de fôlego da economia chinesa

Por Solange Monteiro, do Rio de Janeiro

Os Barômetros Globais de julho divulgado nesta quarta-feira (10/6) apontam a uma revisão para baixo da percepção de empresários tanto sobre a situação atual da economia – com recuo de 0,9 ponto, para 92,8 pontos – quanto para a perspectiva para os próximos meses, com o Barômetro Antecedente recuando 1,5 ponto, para 102,4 pontos. No plano agregado, o resultado dos Barômetros Globais em julho pouco altera o quadro de crescimento moderado para a economia mundial em 2024. A desagregação por regiões, no entanto, mostra um quadro menos favorável para a região da Ásia, Pacífico & África, sob influência da perda de fôlego da China”, afirma Aloisio Campelo Jr., superintendente de Estatísticas Públicas do FGV IBRE. Essa desaceleração, completa, vem sendo parcialmente compensada pela região classificada como Hemisfério Ocidental – puxada pela economia dos EUA, e da Europa.

No Barômetro Coincidente, a região Ásia, Pacífico & África registrou queda de 1 ponto; a Europa subiu 0,1 ponto e o Hemisfério Ocidental, registrou variação nula. Já no Barômetro Antecedente a Ásia, Pacífico & África contribui com -1,3 ponto; a Europa retrai 0,6 ponto e o Hemisfério Ocidental sobe 0,4 ponto.

No Barômetro Coincidente, a região que apresenta melhor resultado na ponta é o Hemisfério Ocidental, com 97,7 pontos, seguido de Europa (97,4) e Ásia, Pacífico & África, com 89,9 pontos. De julho de 2022 a agosto de 2023, era esta última quem liderada o resultado, perdendo fôlego a partir daí. Já o Barômetro Antecedente é liderado pela Europa (104,1 pontos), seguida por Hemisfério Ocidental (103,8) e Ásia, Pacífico & África, com 101. Aqui, a tendência recente se repete: Ásia, Pacífico & África registraram as maiores pontuações durante todo o ano de 2023, perdendo fôlego na virada para 2024.

Livio Ribeiro, pesquisador associado do FGV IBRE, sócio-diretor da BRCG, destaca que o diagnóstico de redução de dinamismo da economia chinesa tem ficado mais claro entre analistas. “A bateria de dados qualitativos de junho, que tratam da atividade, seguiu mostrando divergências entre os indicadores oficial e privado, mas tem emergido um tom mais claro de redução no ímpeto de crescimento da economia ao final do 2º trimestre”, afirma.

Ribeiro destaca uma contração nos indicadores relacionados às exportações chineses de bens, confirmando sua previsão de que a estratégia chinesa de “exportar para crescer” tinha fôlego curto. No campo doméstico, seguem os desafios para dinamizar a demanda, refletidos, por exemplo, na inflação ao consumidor, que recuou -0,2% em junho, abaixo do esperado pelo mercado, “reduzindo a inflação em 12 meses para 0,2%”, diz Ribeiro. O setor de serviços dá sinais de moderação, mas ainda sustenta o crescimento do segundo trimestre, afirma, estimado por Ribeiro em 4,9%. Apesar da cautela quanto aos recentes números, o pesquisador mantém a projeção do PIB chinês em 5% para este ano. 

 


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