Sondagens: empresários e consumidores fecharam maio mais otimistas, mas é cedo para identificar reversão de tendência
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Postado por Conjuntura Econômica
Por Solange Monteiro, do Rio de Janeiro
As Sondagens mensais do FGV IBRE apontaram que empresários e consumidores brasileiros estavam mais otimistas do que no mês anterior, como mostra a Síntese publicada esta semana. No caso do Índice Empresarial, a alta foi de 0,4 ponto em relação a abril, e interrompeu uma sequência de duas quedas observadas nos meses anteriores. Já a confiança do consumidor cresceu 1,4 ponto na mesma comparação, acumulando três meses de alta, recuperando-se de uma forte queda no início do ano.
Apesar de refletirem resiliência da atividade econômica, para os economistas do IBRE responsáveis pela pesquisa, ainda é cedo para projetar a reversão de uma tendência de queda. Quando analisados os resultados empresariais por setor, apenas a Construção registrou resultado negativo em maio em relação a abril. Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção do FGV IBRE, avalia que o recuo de 0,3 ponto em maio, para 93,3 pontos, acontece mais por uma revisão para baixo do indicador que mede a situação atual dos negócios. “A maior parcela das empresas da construção mantém-se otimista com a demanda futura e sinaliza aumento das contratações de pessoal nos próximos meses”, afirma, destacando, entretanto, a evolução negativa do ambiente de negócios.
Nos demais setores, as causas da melhora da confiança foram difusas. Na indústria de transformação, que em maio registrou a maior alta do ano, de 0,9 ponto, para 98,9 pontos, os empresários revisaram para baixo a percepção sobre a situação atual (queda de 1 ponto, para 99,1 pontos), com destaque para o aumento no nível de estoques. Em contrapartida, demonstraram maior otimismo quanto à situação nos próximos meses, com alta de 2,7 pontos, para 98 pontos. Já entre os empresários do comércio a alta na confiança se concentrou no indicador que mede a situação corrente (ganho de 5,2 pontos, para 93,4 pontos), com retração do índice de expectativas, que perdeu 3 pontos no mês em relação a maio, para 91,6 pontos.
Serviços: médias móveis trimestrais apontam queda disseminada da confiança
Fonte: FGV IBRE.
Entre os empresários do setor de serviços, por sua vez, a alta de 1,5 ponto (para 91,9 pontos) foi ajudada por uma melhora tanto na avaliação da situação atual (0,4 ponto para 94,2 pontos) quanto nas expectativas (2,6 pontos, para 89,8 pontos). Stéfano Pacini, economista do IBRE, destaca, entretanto, que pela análise das médias móveis trimestrais ainda prevalece a tendência de piora da confiança. Desagregando por segmento de atividade, apenas os serviços profissionais registram evolução positiva.
Confiança: diferença em relação ao mesmo mês de 2024
Fonte. FGV IBRE.
A confiança do consumidor, por sua vez, avançou 1,9 ponto, para 86,7 pontos, foi puxada principalmente pela melhora da avaliação da situação atual das famílias, com alta de 2,9 pontos, para 84 pontos. Já o Índice de Expectativas avançou 1 ponto, para 89,1 pontos. Anna Carolina Gouveia, economista do FGV IBRE, destaca que esse aumento de otimismo foi disseminado em todos os níveis de renda, com o maior aumento, de 4 pontos em relação a abril, na faixa de renda mensal entre R$ 4,8 mil e R$ 9,6 mil. “Esse quadro é resultado da resiliência da atividade econômica em 2025, com manutenção de um mercado de trabalho forte e uma inflação que, apesar de incômoda, não se apresenta de forma explosiva”, afirma, ressaltando, entretanto, que o nível dos índices – abaixo de 90 pontos, distantes do nível de neutralidade de 100 pontos – ainda revela um consumidor pessimista.
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