Confiança empresarial e do consumidor em queda em fevereiro
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Postado por Conjuntura Econômica
Por Solange Monteiro, do Rio de Janeiro
As Sondagens do FGV IBRE apontaram que empresas e consumidores menos confiantes em fevereiro. O Índice de Confiança Empresarial (ICE) caiu 0,3 ponto em relação a janeiro, para 94,7 pontos, registrando a quarta queda consecutiva. Já o Índice de Confiança do Consumidor recuou 2,6 pontos, para 83,6 pontos. Trata-se de uma perda de 10,8 pontos nos últimos três meses.
No caso dos consumidores, destaca-se a piora da percepção sobre o futuro, com o Índice de Expectativas (IE) registrando queda de 4,3 pontos em relação a janeiro, para 87,3 pontos. Até novembro, o IE variava em torno do território neutro de 100 pontos, desde quando registra uma queda forte e continuada. Para os economistas do FGV IBRE responsáveis pela Sondagens, trata-se de um reflexo das preocupações com a persistente inflação de alimentos e o aumento dos juros, que encarece o crédito. Destaca-se também o fato de essa revisão para baixo ter acontecido em todas as faixas de renda, sendo que em fevereiro foi mais acentuada (de -3,3 pontos) na faixa 1, de consumidores com renda até R$ 2,1 mil.
Entre as empresas, a maior queda aconteceu no comércio (-3,8 pontos) – que também registra o pior índice de confiança com 85,5 pontos, seguido dos serviços (91,7 pontos), Construção (94,3 pontos) e indústria (98,3 pontos). Um dos destaques, no agregado dos setores, foi para a deterioração das expectativas no horizonte de seis meses, que desde novembro acumula queda de 5,6 pontos, reforçando os sinais de expectativa de desaceleração econômica, em especial a partir do segundo semestre.
As menores quedas de confiança se deram na indústria e nos serviços – com, respectivamente, 0,1 ponto e 0,3 ponto. Stéfano Pacini, economista responsável pela análise e divulgação de ambas as Sondagens, destaca, entretanto, que em ambos os setores há sinais de maior pessimismo em atividades ligadas à alimentação – o que pode refletir a persistente pressão inflacionária dos alimentos. “Em fevereiro, houve alta em 10 dos 19 segmentos industriais pesquisados pela Sondagem. Entre os que registraram queda, destacam-se as indústrias de bens não-duráveis, entre as quais a de alimentos, que marcou queda de 1 ponto em relação a janeiro”, afirma, citando outros segmentos que perderam força no mês: papel e celulose, couro e calçados e farmacêutico. “No agregado, vemos sinais claros de percepção de desaceleração, como indicador de tendência dos negócios registrando a quinta queda consecutiva”, diz.
No caso dos serviços, Pacini destaca a maior queda do segmento de alimentação fora de casa em relação, por exemplo, ao de alojamento – dois serviços com alto potencial de demanda em períodos de férias. “Enquanto em fevereiro a confiança no segmento de alojamento caiu 1,1 ponto, em alimentação a queda foi de 6,4 pontos, levando o indicador ao menor nível desde março de 2023”, compara. Pacini destaca que a demanda no período de Carnaval pode ter surpreendido os empresários e provocado alguma mudança pontual na percepção dos negócios neste mês de março – a ser verificada na próxima Sondagem. “Trata-se de uma expectativa pontual, sobre a realização de demanda nesse período festivo. A tendência, entretanto, é de continuemos a ver sinais de desaceleração”, afirma.
Índice de Confiança, serviços selecionados (em pontos)
Fonte: FGV IBRE.
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