Indústria mantém otimismo no curto prazo; nos serviços, aumento da confiança passa a se concentrar em alguns setores

Por Solange Monteiro, do Rio de Janeiro

As Sondagens do FGV IBRE divulgadas em junho apontam que a confiança dos empresários da indústria se mantém em alta. Em relação a maio, o índice subiu 1,5 ponto, para 101,2 pontos. Medido em médias móveis trimestrais, o índice também se aproxima do nível de neutralidade, chegando a 99,4 pontos. O destaque dessa Sondagem, aponta Stéfano Pacini, economista do FGV IBRE, é o indicador que mede a produção prevista, que chegou a 102,9 pontos, melhor resultado desde dezembro de 2020. “Vemos que, no curtíssimo prazo – horizonte de três meses –, a expectativa do setor ainda registra melhora. Mas ainda há cautela quando se trata de tendência de negócios, que reflete a percepção do setor para daqui a seis meses. Nesse caso, o indicador ainda não voltou para os 100 pontos”, afirma.

O indicador de tendência de negócios que faz parte da Sondagem registrou 95 pontos, apontando uma recuperação lenta do nível registrado em março, de 88 pontos. Ainda que seja uma melhora, Pacini lembra que em janeiro do ano passado esse indicador estava em 108 pontos, mantendo-se acima de 100 até setembro, quando iniciou uma rota de queda. “Os 88 pontos registrados em março se comparam a julho de 2020, quando o setor ainda não registrava o sinal de aumento de demanda provocado pela substituição de consumo de serviços provocada pelo isolamento”, lembra o economista. “Ainda que tenha sinalizado uma melhora, esse nível ainda revela a cautela dos empresários em um horizonte um pouco maior de tempo, para o qual contam a evolução das pressões inflacionárias e da trajetória de juros, além do período eleitoral”, afirma.

Índice de Confiança da Indústria de Transformação


Fonte: FGV Dados.

 

Índice de Confiança da Indústria


Fonte: FGV Dados.

Houve melhora da confiança em 13 dos 19 segmentos monitorados pela Sondagem, entre os quais os de bens intermediários e de consumo não-duráveis. “Entre os destaques estão aqueles que atendem ao bom momento de demanda tanto interna quanto externa, como de alimentos, indústria química, derivados de petróleo”, enumera.  Entre os bens duráveis, o economista ressalta o momento ainda incerto do setor automotivo, “que registra melhora nas exportações, mas que no mercado doméstico ainda rateia”. Entre as categorias de uso, Pacini ressalta a queda de demanda doméstica observada no segmento de materiais de construção, alinhada com uma desaceleração da atividade de reformas e pequenas obras, como apontou Ana Maria Castelo, coordenadora de projetos de Construção do FGV IBRE, no Boletim Macro de junho.

Já a confiança do setor de serviços se manteve estável em junho, com uma variação de 0,4 pontos em relação a maio, chegando a 98,7 pontos. Diferentemente de maio, desta vez a melhora da confiança foi menos disseminada, aponta Rodolpho Tobler, economista do FGV IBRE, concentrando-se em 5 dos 13 segmentos analisados na Sondagem. “Entre as que registraram melhor desempenho estão as atividades de alimentação fora de casa, tecnologia da informação e comunicação e serviços administrativos e complementares, dentro de serviços profissionais”, enumera Tobler. Ele ressalta, entretanto, que em todas as atividades as variações foram brandas. “Há, entretanto, uma sinalização clara de que o ambiente macroeconômico desfavorável e a incerteza em relação aos próximos meses podem segurar o ritmo de recuperação da confiança no setor”, afirma.

Confiança serviços trimestral 
(diferença médias trimestrais, com ajuste sazonal)


Fonte: FGV IBRE.

 


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