Em julho, confiança do consumidor segue em alta, mas em menor ritmo

Por Solange Monteiro, do Rio de Janeiro

O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) medido pelo FGV IBRE registrou alta de 2,5 pontos em julho em relação ao mês anterior, para 94,8 pontos. Essa é a terceira alta consecutiva e o melhor resultado desde janeiro de 2019, quando o índice marcou 95,3 pontos.

Anna Carolina Gouveia, economista do FGV IBRE responsável pela divulgação do ICC, afirma que o resultado foi impulsionado especialmente pelo aumento do otimismo em relação aos próximos meses. O Índice de Expectativas (IE) teve alta de 3,4 pontos no mês (para 107,4) em relação a junho, enquanto o Índice de Situação Atual (ISA) registrou alta de 1,1 ponto na mesma comparação, para 76,4 pontos. Anna Carolina afirma que a alta foi disseminada entre os diferentes quesitos analisados na pesquisa, com destaque para os indicadores que medem a situação econômica geral da família – que subiu 5,5 pontos e chegou a 123,9 pontos, melhor resultado desde fevereiro de 2019 – e o de situação financeira futura, que subiu 3,7 pontos, para 105. A economista atribui essa boa avaliação ao arrefecimento da inflação, à recuperação da renda do trabalho e as expectativas em torno do início do Desenrola, programa do governo para renegociação de dívidas.

Ainda que positiva, a evolução da confiança do consumidor registrou perda de ritmo em relação a junho, quando o ICC havia registrado alta de 4,4 pontos em relação a maio. Essa tendência, entretanto, já havia sido apontada pelos pesquisadores do FGV IBRE divulgada Boletim Macro. A prévia do indicador com resultados até o dia 13 de julho publicada no Boletim indicava inclusive sinais de acomodação do índice, com uma alta menos pronunciada do que a registrada no consolidado do mês.

Índice de Confiança do Consumidor por faixa de renda
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Fonte: FGV IBRE.

Outro ponto que já havia sido alertado pelos economistas das Sondagens no Boletim é que, observada por faixa de renda, a recuperação da confiança do consumidor em 2023 tem sido puxada especialmente pelas famílias de renda mais alta. Eles destacam que, mesmo registrando melhora, as famílias de renda mais baixa ainda não conseguiram recuperar o nível de confiança pré-pandemia, o que pode estar relacionado ao alto nível de endividamento, reflexo, entre outros, de juros e inflação altos.

Observando a evolução do índice em perspectiva, como ressaltado na Síntese das Sondagens de junho, observa-se que o primeiro semestre do ano marcou uma redução da distância entre a confiança empresarial e a dos consumidores, que havia se descolado desde o segundo semestre de 2020, na pandemia. Isso, entretanto, se deve não só a recuperação da confiança dos consumidores, mas a uma piora do otimismo entre empresários entre o terceiro trimestre de 2022 e fevereiro deste ano. A distância entre o Índice de Expectativas (IE) e o Índice de Situação Atual (ISA), que se ampliou desde a recessão que iniciou no segundo trimestre de 2014 e terminou no final de 2016, de acordo ao Comitê de Datação de Ciclos Econômicos (Codace), ainda permanece grande, refletindo um maior otimismo do consumidor com a situação futura em detrimento da atual.

Distância entre confiança de empresários e consumidores se reduziu no primeiro semestre
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Mas distância entre percepção dos consumidores sobre situação atual e expectativas, que se ampliou na recessão 2014-16, continua grande 
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Fonte: FGV IBRE.

 


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