Uma reflexão sobre o setor energético
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Postado por Conjuntura Econômica
Por Claudio Conceição, do Rio de Janeiro
Fernanda Delgado, diretora executiva corporativa do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), e colunista da revista Conjuntura Econômica, em seu artigo de março, traz interessante reflexão sobre o papel do setor energético na vida das pessoas e na sociedade como um todo.
Depois de elencar os grandes desafios e incertezas por que passou o setor no ano passado, e que ainda perduram para esse ano, como a pandemia que desestruturou as cadeias produtivas, o conflito entre Rússia e Ucrânia, a tensão entre Estados Unidos e China, o menor crescimento mundial, a inflação e juros em alta pelo mundo, só para mencionar alguns, Fernanda lembra que “para além das fontes de produção e dos elementos estruturantes do setor energético, como os agentes econômicos, a infraestrutura e a regulação, a importância da energia está ligada ao fato de condicionar a interação das pessoas social e espacialmente. A influência da energia na construção dessa interação socioespacial transborda regiões geográficas e períodos históricos, ocorrendo semelhanças em tempo e espaço diferentes”.
Em seu artigo, ela mostra os principais pontos dessa interação, que transborda fronteiras, regiões e o tempo. Vou, aqui, citar alguns que estruturam a rica reflexão da Fernanda
• A energia mobiliza reivindicações de cunho político em prol da independência energética dos Estados, como historicamente se delineou no Oriente Médio com a nacionalização das reservas de hidrocarbonetos e a estatização das companhias petrolíferas.
• A busca pela independência energética esclarece o amplo apoio das sociedades europeias às sanções contra a Rússia e à necessidade de se desvencilhar da dependência aos combustíveis fósseis fornecidos por aquele país.
• A crescente conscientização social sobre o meio ambiente e o clima tem forte conteúdo energético, capaz de gerar protestos da África do Sul à Alemanha contrários à expansão do uso do carvão na matriz em detrimento de fontes renováveis.
• Na mesma linha, o que ocorre no Reino Unido à Colômbia, com a proibição de operações de exploração e produção de recursos fósseis não convencionais por meio do fraturamento hidráulico (fracking).
É uma faceta ainda pouco explorada dentro das drásticas mudanças por que o mundo vem passado, com o avanço da tecnologia e o despertar de uma consciência mais forte e, economicamente importante, de se gerar energias limpas e produtos certificados como oriundos de regiões onde há preservação do meio ambiente.
“Além do nível político, a interação da sociedade com a energia influencia as decisões das empresas do setor, que estão cada vez mais próximas dos novos desafios alinhados à demanda das sociedades. Incluem-se mais investimento em tecnologias, a segurança cibernética, o alinhamento da agenda ESG ao planejamento estratégico e a gestão de portfólios cada vez mais diversos e focados na transição para uma economia de baixo carbono”, diz Fernanda, em seu artigo.
O avanço tecnológico também tem exercido um importante papel dentro do setor, que tem se voltado na busca da melhoria de processos produtivos que levem a uma melhora da eficiência e reduza custos. E, no ambiente cibernético “a segurança tem angariado maior relevância, pois em um setor crescentemente digitalizado é fundamental a confiabilidade, acessibilidade e universalidade do abastecimento energético, ou seja, a garantia da energia perpassa a confiança na qualidade e no acesso ao combustível a preços módicos”.
Para Fernanda, “a continuidade das incertezas que impactaram os negócios ao longo de 2022 e a necessidade de preparar o setor para as transformações econômicas, digitais e ambientais/climáticas para as próximas décadas sinalizam um futuro desafiador e, ao mesmo tempo, promissor. A linha tênue que aproximam os desafios aos negócios bem-sucedidos depende, entretanto, da capacidade da agenda política e do planejamento estratégico das empresas em manter canais abertos com as demandas da sociedade”.
Leia a íntegra do artigo na edição de março da revista Conjuntura Econômica.
As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva do autor, não refletindo necessariamente a opinião institucional da FGV.