Índice de Confiança Empresarial do FGV IBRE registra sexta alta consecutiva em agosto

Por Solange Monteiro, do Rio de Janeiro

Ainda que menos robusta do que no mês anterior, o Índice de Confiança Empresarial do FGV IBRE registrou mais uma alta em agosto, de 0,3 ponto, para 97,9 pontos. Em julho, a alta havia sido de 1,1 ponto em relação na comparação com o mês anterior. Com esse resultado, a Confiança Empresarial medida pelo IBRE alcançou o melhor resultado desde setembro de 2022, quando fechou em 98,8 pontos.  Aloisio Campelo Jr, superintendente de Estatísticas do FGV IBRE, atribui esse resultado a uma percepção de crescimento mais robusto dos setores cíclicos da economia, mais sensíveis à política monetária, do que observado em 2023, quando houve uma importante contribuição do agronegócio ao PIB. Campelo ressalta, entretanto, que enquanto o componente do índice que mede a situação atual ainda registrou uma ligeira variação positiva (0,1 ponto), os indicadores que medem a tendência para os negócios três e seis meses à frente variaram negativamente, com -0,1 ponto e -0,2 ponto.

O cenário de incerteza quanto ao futuro da trajetória dos juros ainda não comprometeu significativamente a confiança em setores como a construção, sobre a qual falamos na semana passada com Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção do FGV IBRE (leia aqui).  Ainda que o Índice de Expectativas nesse setor tenha recuado 1,3 ponto, a Sondagem indica que a oscilação da demanda prevista ainda foi marginal e se mantém em bom nível.

No caso dos serviços, a média móvel trimestral indicou estabilidade da confiança, ao variar 0,1 ponto. Mas os empresários demonstram cautela ao avaliar o futuro dos negócios, afirma Stéfano Pacini, economista do FGV IBRE. Enquanto as expectativas para os próximos três meses subiram 1 ponto (para 93,8 pontos), no horizonte de seis meses houve retração de 0,7 ponto, para 91,6 pontos. Na avaliação da situação atual, observa-se que o melhor desempenho se dá nos serviços prestados às famílias, com alta de 2 pontos em agosto, em médias móveis trimestrais. Em julho, esse grupo havia registrado alta de 2,4 pontos na mesma comparação. Serviços de transporte, informação e comunicação e profissionais, por sua vez, saíram de uma variação negativa para registrarem, respectivamente, 0,6, 0,1 e 0,5 ponto.

A confiança da indústria também apontou estabilidade em relação ao mês anterior, fechando em 101,7 pontos; quando comparada ao resultado de agosto de 2023, acumula alta de 11,2 pontos.  Já na média móvel trimestral fechou agosto com alta de 1,2 ponto, em 100,6 pontos, mantendo-se no terreno positivo. Pacini destaca que em agosto a alta da confiança aconteceu em 11 dos 19 segmentos industriais pesquisados na Sondagem. Também ressalta que os empresários industriais se mantêm otimistas quanto ao ambiente de negócios para o fim do ano, com alta de 1,5 ponto no quesito que mede a tendência dos negócios para os próximos seis meses, para 101,1 pontos. “Os indicadores que mensuram ímpeto sobre as contratações e produção prevista, entretanto, recuaram 0,2 e 1 ponto, para 101,9 e 96,4 pontos, respectivamente”, afirmou.

Índices de Confiança FGV IBRE 
(variação na média móvel trimestral, em pontos)


Fonte: FGV IBRE.

Já entre os empresários do comércio, houve piora da percepção sobre os negócios, com o índice de confiança recuando 1,8 ponto em relação ao mês anterior (para 89,1 pontos) e 0,8 ponto na média móvel trimestral, para 90,1 pontos. Geórgia Veloso, economista do FGV IBRE, afirma que essa revisão para baixo foi disseminada entre os seis principais segmentos do comércio. Há redução do pessimismo em relação à demanda atual, mas queda do otimismo em relação à evolução das vendas futuras, mesmo diante dos bons números do mercado de trabalho aquecido e da confiança dos consumidores em alta. Na avaliação sobre a demanda atual, observa-se que mesmo no comércio de bens não-essenciais, em que os empresários demonstram maior preocupação quanto à insuficiência de demanda, as assinalações desse fator como fator limitativo a seus negócios registraram em agosto o menor nível desde dezembro de 2022. “Quanto à perspectiva para os próximos meses, o cenário incerto quanto ao comportamento das taxas de juros e riscos inflacionários contribuem para essa incerteza”, diz Veloso.

 Em agosto, o Índice de Confiança do consumidor manteve a tendência de alta – terceira consecutiva – mas em ritmo mais lento: 0,3 ponto em relação ao mês anterior, para 93,2 pontos. Os melhores resultados foram registrados entre consumidores das maiores faixas de renda: alta de 5,2 pontos em relação a julho entre aqueles com renda acima de R$ 9,6 mil e de 2 pontos na faixa de R$ 4,8 mil e R$ 9,6 mil. Entre os dois primeiros grupos de renda o resultado foi negativo: -0,2 ponto na faixa até R$ 2 mil e -2,2 pontos entre R$ 2,1 mil e R$ 4,8 mil. No agregado, destacou-se a manutenção do ímpeto de compra de bens duráveis – que em geral costumam ser mais caros e, por isso, demandantes de crédito –, com a terceira alta consecutiva, de 1,1 ponto, para 87,8 pontos.

 


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