FGV IBRE se mantém em conselho de centro internacional de pesquisa – Ciret – e se destaca em apresentação de estudo na Finlândia
-
Postado por Conjuntura Econômica
Por Solange Monteiro, do Rio de Janeiro
Na semana passada, pesquisadores do FGV IBRE participaram de workshop do Centro de Pesquisa Internacional sobre Sondagens e Tendências Econômicas (Ciret, na sigla em inglês), atualmente sediado na Suíça e que desde 1953 reúne pesquisadores de vários países dedicados à produção de indicadores da atividade e estudos de ciclos econômicos. No evento, Aloisio Campelo Jr., superintendente de Estatísticas Públicas do IBRE,foi empossado conselheiro do Ciret por um período de quatro anos. A aprovação de Campelo referenda a presença do IBRE na instituição. Até 2022, Vagner Ardeo, vice-diretor do IBRE, representou o instituto no conselho do Ciret, que atualmente possui 19 membros, sendo o FGV IBRE o único da América Latina. “O trabalho desse fórum de pesquisadores é apoiado tanto pela ONU quanto pela OCDE, e daí saem as melhores práticas nesse campo de pesquisa”, afirma Campelo.
Os encontros do Ciret se intercalam entre workshops nos anos ímpares – de menor escala, em que a seleção de trabalhos é mais criteriosa – e conferências nos anos pares, quando se amplia a exposição de pesquisas e o intercâmbio entre pesquisadores. Este ano, o foco dos estudos foram os desafios do uso de sondagens em tempos de crise. Paulo Picchetti, pesquisador do FGV IBRE, membro do Comitê de Datação de Ciclos Econômicos (Codace), apresentou no evento estudo no qual demonstra como a Sondagem da Indústria – mais especificamente, o quesito “produção esperada” da pesquisa – contribui para a previsão da produção física do setor divulgada mensalmente pelo IBGE, a PIM-PF. O período analisado é de 2001 ao primeiro trimestre de 2023, e o modelo elaborado por Picchetti inclui ainda dados de utilização de capacidade e horas trabalhadas levantados pela CNI, além de resultados anteriores da PIM-PF.
Em resumo, o estudo de Picchetti identificou que a reação do produto indicado na Sondagem e o produto efetivo que o IBGE calcula não foi constante durante o período analisado. Esse resultado sugere que, em momentos de crise econômica, os empresários têm sua percepção afetada pela incerteza, comprometendo sua capacidade de projeção. “Quando comparamos as alterações identificadas no modelo com os ciclos econômicos datados pelo Codace, identificamos que elas estão bastante sincronizadas: em períodos de expansão, o valor da informação da Sondagem é maior do que nos períodos de recessão, o que nos leva a essa interpretação intuitiva”, diz. “Ainda relacionei esse resultado ao Indicador de Incerteza da Economia (IIE-Br) calculado pelo FGV IBRE – que também independe do modelo usado e do ciclo do Codace – e se observa a mesma coincidência”, afirma.
Picchetti conta que a receptividade positiva ao estudo gerou demanda por aprofundamentos. “Um dos planos de expansão é analisar a indústria por segmentos – afinal, há muitas histórias diferentes dentro do setor, como a de bens de capital e de consumo –, para identificar quais os mais sensíveis a esses momentos de retração econômica e aumento da incerteza”, afirma.
IBRE e Ciret
A participação do FGV IBRE nos eventos do Ciret começou em 2006. “No início, nossa motivação foi obter apoio para avançar em metodologias e criar novos indicadores. Hoje somos convidados a participar como ouvintes de outros encontros da Comissão Europeia, onde as sondagens são parte do sistema obrigatório de estatísticas, elaborado num trabalho conjunto com a OCDE e a ONU, tornando-se referência”, diz Campelo.
Desde então, a participação da FGV nas atividades do fórum – financiado por mais de 50 membros entre corporativos, como órgãos de estatística e bancos centrais, e individuais – também tem se intensificado. Foi da FGV a iniciativa da criação do Prêmio Isaac Kerstenetzky – ex-presidente do IBGE (1970-79), com passagem anterior pela FGV, reconhecido como precursor das sondagens empresariais na América Latina –, em reconhecimento às melhores pesquisas e a jovens pesquisadores, concedido pela primeira vez na Conferência sediada em 2008 em Santiago do Chile. Em 2018 a FGV recebeu a Conferência no Rio de Janeiro. E, em 2019, foi lançado o livro Business Cycles in Brics, cuja edição Paulo Picchetti compartilhou com Sergey Smirnov, da HigherSchoolofEconomics (Rússia) e AtamanOzyildirim, então do The ConferenceBoard (USA), com capítulos de autoria de Picchetti e Campelo. “A participação no Ciret é duplamente enriquecedora: tanto para conhecer o que outros pesquisadores estão fazendo e colher ideias para aplicar em nosso trabalho, quanto para tornar o que fazemos conhecido internacionalmente”, conclui Picchetti.
As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva do autor, não refletindo necessariamente a opinião institucional da FGV.