Edição de outubro de 2022

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Nota do Editor

São muitos os desafios para o próximo ano

Na disputa presidencial mais acirrada desde a redemocratização, com o país dividido, polarizado, indo para uma disputa de segundo turno, reunimos nesta edição uma série de análises e avaliações de pesquisadores do FGV IBRE sobre o complexo cenário econômico e político que aguarda o próximo ocupante do Palácio do Planalto. Com o mundo ainda se recuperando dos dois anos da pandemia da Covid-19, que desestruturou a atividade econômica e a vida das pessoas, uma guerra estourou e ainda continua na Ucrânia afetando fortemente a economia europeia, em maior escala, altamente dependente do gás russo, e o resto do mundo, já que a Rússia e a Ucrânia são grandes produtores de energéticos, grãos, fertilizantes e metais. A inflação disparou no mundo, sem sinais de um recrudescimento. Todas as projeções apontam para um menor crescimento mundial no ano que vem.

Com esse pano de fundo, e com a incerteza eleitoral no Brasil, um trabalho de fôlego da editora Solange Monteiro reúne a opinião de especialistas do FGV IBRE sobre os mais diversos assuntos no campo econômico.

A manutenção de um cenário de surpresas no PIB e no emprego como visto este ano dependerá da disposição do presidente que assumir o país a partir de 2023 para fazer reformas que garantam a sustentabilidade desse crescimento sem lançar mão de medidas artificiais ou de curto prazo. De cara, isso exigirá do presidente o desafio de conciliar a busca por mais disciplina fiscal como o meritório aumento de gastos na área da proteção social. Para isso há necessidade de um redesenho do Auxílio Brasil, com melhora de sua eficiência orçamentária, além do aprimoramento de políticas que melhorem os resultados no campo da educação e na redução da volatilidade na renda dos trabalhadores informais. Para que esse esforço de redução da pobreza evolua – segundo dados da Rede Penssan há 33 milhões de pessoas passando fome no Brasil –, também serão necessárias ações de inclusão produtiva, com melhorias no campo do mercado de trabalho.

Embora a taxa de desemprego tenha iniciado uma trajetória descendente nos últimos meses, ainda há muita fragilidade no mercado de trabalho, com um grande contingente de pessoas desempregadas há mais de dois anos e de desalentados.

Entre tantos problemas que o próximo presidente irá herdar, a agenda fiscal será, sem dúvida, o grande desafio, já que parte da melhora observada nas contas públicas este ano, com 2 anos de superávit primário, deve perder ímpeto daqui para a frente.

O desafio de manter o risco fiscal sob controle será grande, e será preciso definir prioridades. Um caminho é criar uma agenda objetiva para restabelecer a âncora fiscal do país no ritmo adequado, sinalizando a credibilidade necessária para o mercado durante esse processo, condição necessária para atrair investimentos e impulsionar o crescimento econômico.

Se formos bem-sucedidos em fazer a lição de casa, podemos colocar o país em posição de melhor aproveitar o lado meio cheio do copo do cenário externo, que em linhas gerais não está dos mais amistosos para as economias emergentes, como apontam as análises e os Barômetros Globais do FGV IBRE que medem o pulso da economia mundial.

 

Claudio Conceição

 


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