Edição de março de 2023

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Nota do Editor

O crescimento de 2,9% do PIB no ano passado, segundo o IBGE, reforça os argumentos de dificuldades para a economia este ano, especialmente devido à retração de 0,2% da atividade econômica no último trimestre do ano. Na verdade, a economia começou a perder fôlego já no segundo semestre, com o esgotamento do processo de reabertura da economia, que havia se iniciado em meados de 2021.

Se nos debruçarmos sobre os dados do IBGE de 2022, vamos ver que houve um crescimento médio do PIB no primeiro semestre da ordem de 1,1% por trimestre, o que daria uma expansão superior a 4% até o final do ano, se a economia continuasse no processo de recuperação.

Essa forte expansão (que já havia começado em 2021) nos seis primeiros meses foi puxada pela reabertura da economia, com o enfraquecimento da pandemia. O setor de Serviços, com maior peso no PIB, da ordem de 70%, cresceu, também, a uma taxa média de 1,1% nos dois primeiros trimestres. Isso levou a reboque uma melhora no mercado de trabalho e da renda. O que turbinou, ainda mais, o consumo das famílias que avançou, em média, 1,5% nos dois primeiros trimestres do ano passado, o que daria um crescimento de 6%, em termos anualizados.

Todo esse cenário começou a virar de ponta-cabeça no segundo semestre, com a economia começando a perder fôlego. Os efeitos da reabertura na economia começaram a se exaurir, especialmente no último trimestre, quando o PIB foi negativo, recuando 0,2% em relação ao trimestre anterior.

E isso tem levado a previsões pessimistas para a economia brasileira este ano. O setor de Serviços não deve ter a pujança dos seis primeiros meses de 2022. O que deve impactar fortemente a atividade econômica. Mesmo com a expectativa de uma safra recorde em 2023, o agronegócio, que deve ter um forte crescimento, não conseguirá dar muita musculatura ao PIB, pela sua pequena participação em relação aos Serviços e à Indústria, essa em queda livre já há algum tempo.

Também joga contra o alto endividamento das famílias, 77,9%, recorde, e aumento da inadimplência, onde de cada 10 famílias três estavam com dívidas em atraso no final de 2022. Ou seja: o consumo das famílias que vinha carregando o PIB nas costas pode ser impactado pelas dívidas e crédito mais caro.

Há, também, muita incerteza no ar. Há grande expectativa em relação ao novo arcabouço fiscal que o ministro Haddad deve encaminhar ao Congresso ainda este mês. A Carta do IBRE traça um perfil do que pode e o que não pode ser feito na questão fiscal, com base em estudos dos pesquisadores do FGV IBRE. A questão fiscal também é o tema de capa desta edição, conforme reportagem da editora Solange Monteiro.

Resta aguardar.

 

Claudio Conceição

 


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