Edição de junho de 2023

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Nota do Editor

O explosivo crescimento de 21,6% da agropecuária no primeiro trimestre – foi o melhor resultado do setor nos últimos 26 anos, desde o quarto trimestre de 1996 – turbinou o PIB, que cresceu 1,9% em relação ao trimestre anterior. A supersafra e o uso intensivo de alta tecnologia, levou a uma supersafra de soja que dos 34% que representava no PIB agropecuário pulou para 44%. Apesar desse avanço, a agropecuária poderia ser ainda mais competitiva se nossa logística não fosse tão deficiente, houvesse ampliação do cooperativismo e tivéssemos acordos comerciais, quase inexistentes, como aponta Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura e professor emérito da FGV (ver entrevista na página 12 desta edição). 

É o primeiro resultado que o IBGE divulga no governo Lula, o que deve aumentar a pressão para que o Banco Central reduza os juros, já que a indústria, que gera mais empregos que o agro, teve uma retração de 0,1%, os serviços cresceram 0,6% e o consumo das famílias, apenas 0,2%. Também os investimentos recuaram. Como a agropecuária não vai repetir o excelente desempenho do primeiro trimestre, a atividade econômica tem que crescer de outras formas, com uma expansão da indústria e aumento do consumo das famílias. O setor de transportes, por exemplo, cresceu 1,2%, pela maior demanda por cargas vindas da agropecuária. O crédito, caro e mais seletivo, tem piorado com as altas taxas de juros. Dados do Banco Central referentes a abril mostram que o estoque de empréstimos e financiamentos caiu 0,1% em relação ao mês anterior, enquanto a concessão de novas operações teve uma retração de 17,5%. Também subiu a inadimplência em 3,4%, maior patamar desde fevereiro de 2018.

Outra pesquisa, da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), mostra que o endividamento das famílias continua em patamares recordes: foi de 78,3% em abril, devendo se manter nos próximos meses. E a inadimplência das famílias bateu na casa dos 29,1%.

Mas não são apenas as famílias que estão endividadas. A inadimplência das empresas bateu novo recorde em abril, com mais de 6,5 milhões de empreendimentos negativados, segundo dados da Serasa Experian.

Mas há espaço para a queda da taxa de juros já na próxima reunião do Copom, que acontece nos dias 20 e 21 de junho? Embora juros menores tenham o poder de levar as pessoas a aumentar o consumo, as empresas a tomarem empréstimos, há muitas travas que devem ser desarmadas para que isso aconteça. E uma delas é que os núcleos de inflação cedam de forma consistente. Há, inclusive, entre os economistas, um debate se estamos enfrentando uma inflação de demanda ou não, o que torna mais difícil a queda dos juros. No IX Seminário de Política Monetária, que acontece no próximo dia 23, esses serão alguns temas que estarão no foco do debate.

 

Claudio Conceição

 


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