Edição de julho de 2023

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Nota do Editor

Tem havido muitas surpresas nas projeções sobre o PIB brasileiro. As previsões dos analistas, em sua grande maioria, não têm se concretizado. Hoje há muita incerteza sobre como deve se comportar a economia neste e no próximo ano. Há uma corrente mais otimista, que chega a prever crescimento do PIB acima de 2,5%. Outra, mais pessimista, faz projeções de um crescimento ainda modesto, não superando os 2%.

Mas o que tem levado os analistas a errarem suas previsões, especialmente a partir de 2020? A Carta do IBRE traz algumas pistas sobre o que teria levado o PIB brasileiro a passar de expectativas negativas para positivas. Uma das principais contribuições para que o PIB fosse maior que o esperado foi o aumento da renda gerada pelas commodities. Durante a pandemia o Brasil se beneficiou da escassez de comida e minerais no mundo, devido à quebra da cadeia logística, acirrada, depois, pela guerra na Ucrânia. De 2020 até o primeiro trimestre deste ano, o aumento dessa renda acabou gerando um crescimento adicional acumulado da ordem de 8% no PIB. Esse impacto positivo, porém, vai perder fôlego daqui para a frente, já que há uma queda nos preços das commodities e uma valorização da nossa moeda, o real.

No Ponto de Vista, Samuel Pessôa, pesquisador associado do FGV IBRE, procura mostrar por que somos tão improdutivos, citando reportagem publicada na The Economist em que a revista perguntava por que os trabalhadores latino-americanos são tão improdutivos. A compreensão do subdesenvolvimento brasileiro passa por conseguir descrever e entender essa baixa produtividade: uma hora trabalhada no Brasil gera cinco vezes menos do que a hora trabalhada nos Estados Unidos.

Essa baixa produtividade é resultado de uma nefasta combinação de fatores, e um deles é o grande distanciamento entre a universidade e a iniciativa privada, muito estreita entre países desenvolvidos, como a Alemanha. Por aqui, ainda engatinhamos nessa seara, como avalia Paulo Negreiros Figueiredo, professor titular da FGV EBAPE.

Na entrevista do mês, Neuri Freitas, presidente da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) e da Associação Brasileira das Empresas Estaduais de Saneamento (Aesbe), defende que o excesso de foco na capacidade do setor privado que, em sua opinião baliza o Marco do Saneamento, não nos levará ao cumprimento das metas de universalização até 2033.

 

Claudio Conceição

 


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