Edição de julho de 2022

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Nota do Editor

Nos últimos 40 anos, a renda per capita do país não cresceu mais do que 0,7%, em média. A atividade econômica avança a passos de tartaruga. Para este ano, a última previsão do Boletim Macro FGV IBRE é de uma expansão de 0,9% do PIB. Se o número for maior, não deve passar de 1,5%, como mostram outras projeções. O que é muito pouco. Verdade que tivemos a pandemia e vemos uma guerra na Ucrânia que se prolonga. Mas não dá para jogar tudo no colo desses dois episódios. Há muito tempo que o país tem uma taxa de investimento extremamente baixa. No ano passado, uma surpresa: os investimentos em relação ao PIB foram de 19,17%, ante os 16,61% de 2020. Esse salto foi feito pela iniciativa privada que aumentou a sua rentabilidade, mesmo com a pandemia.

Em média, os investimentos privados cresceram, em termos reais, algo ao redor dos 3% nos últimos 4 anos.

Os economistas José Roberto Afonso, Geraldo Biasoto Jr. e Thiago Felipe R. Abreu, em artigo publicado nesta edição, se debruçam sobre a questão dos investimentos no Brasil, mostrando um quadro pouco animador para o crescimento do país. Um dos caminhos que a maioria dos economistas indica é que a saída para o baixo crescimento brasileiro passa por um aumento dos investimentos, ainda mais em um país tão carente de infraestrutura básica. Primeiro, pela fragilidade da dinâmica da indústria e da maioria dos setores que lidera os investimentos na última década. E, segundo, porque o maior e mais qualificado componente da ampliação do PIB potencial é, justamente, a infraestrutura.

Segundo os autores, se for comparado aos dados internacionais do FMI projetados para este ano, o Brasil estaria na 147a posição num total de 170 países no ranking da formação de capital fixo/PIB. A taxa brasileira, de 17,1%, é pouco mais da metade tomando como referência a Turquia e a Índia, e muito inferior a vários outros países.

Se for olhado pelo lado do investimento público em infraestrutura, o quadro é melancólico. Segundo dados da OCDE, os investimentos brasileiros em relação ao PIB ficaram em modestos 1,67% em 2019, o que representava a metade da média dos países da OCDE. Pior, países com infraestrutura plenamente constituída como a França e a Coreia do Sul apresentam quociente de investimento em infraestrutura sobre PIB muito superiores à média da OCDE.

Sem investimentos, o crescimento não vem e não se sustenta.

 

Claudio Conceição

 


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