Edição de abril de 2022

Nota do Editor

Os desafios de um novo mundo

A taxa de desemprego média anual saiu de níveis em torno de 12% ou pouco mais em 2018 e 2019 para 13,8% em 2020 e 13,2% em 2021 e, pela projeção do FGV IBRE, deve ficar em 11,9% em 2022. É uma situação preocupante, já que, em um país tão desigual como o Brasil, os níveis de pobreza têm aumentado nos últimos anos, com muita gente morando nas ruas, passando fome.

Como mostra a Carta do IBRE desta edição, “segundo as projeções do IBRE, a queda da taxa de desemprego para níveis próximos dos 9,8% da média observada entre 1995 e 2019 depende de forte aceleração da economia brasileira. Uma taxa de crescimento de 1,5% ao ano, como a que vigorou em 2015-19, não faria a taxa de desemprego atingir 9,5% nem mesmo em 2026. Para isso, seria necessário um crescimento de 3,5% do PIB entre 2022 e 2026, algo bastante improvável dado o cenário negativo em 2022 e as perspectivas de baixo crescimento nos próximos anos”. Para este ano, o Boletim Macro FGV IBRE estima que o PIB cresça 0,6%.

O economista Carlos Antonio Rocca afirma, em entrevista à revista, que só conseguiremos ter um crescimento mais saudável se aumentarmos a produtividade, assunto que é acompanhado sistematicamente pelo Observatório da Produtividade Regis Bonelli do FGV IBRE. Para Rocca, aumentar a produtividade passa por investimentos em inovação, além de uma reforma do Estado que recupere sua capacidade de poupança e investimento, e uma maior abertura da economia, para ampliar a competitividade das empresas brasileiras. O que não se vê atualmente, com um progressivo isolamento do país e uma grande fragilidade fiscal.

Os economistas José Roberto Afonso e Marcos Nobrega mergulham, em artigo desta edição, na revolução digital que desencadeou um enorme processo de transformações estruturais na economia. Como afirmam os autores “as novas tecnologias e os seus impactos na vida cotidiana, nos negócios, na gestão pública, são uma realidade – e não mais ficção científica ou promessas. Entendê-las e traçar estratégias adequadas para se adaptar às mudanças é essencial”.

Um novo mundo emergiu depois da pandemia e, agora, com a guerra na Ucrânia. Entender essas mudanças e buscar alternativas é essencial para encarar os desafios desse “novo normal”. Quem não o fizer, ficará na rabeira.

 

Claudio Conceição

 


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