Expectativa dos consumidores se mantém em alta, em movimento atípico às vésperas das eleições

Por Solange Monteiro, do Rio de Janeiro

A Sondagem do Consumidor do FGV IBRE divulgada ontem (26/9) mostra que o otimismo do consumidor brasileiro continua em alta, levando o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) para 89 pontos, o maior nível desde janeiro de 2020, quando registrou 90,4 pontos. Essa direção foi observada em todas as faixas de renda, ainda que os grupos de renda maior levem a liderança. Tal como em agosto, os consumidores da faixa de renda entre R$ 4,8 mil e R$ 9,6 mil foram o que mais expressaram aumento da confiança, com um crescimento de 10,7 pontos em setembro em relação a agosto, colocando-os no nível mais próximo da neutralidade (100 pontos) entre as quatro faixas observadas, com 98,3 pontos, seguidos pelos consumidores da faixa acima de R$ 9,6 mil (94,6 pontos).

Índice de Confiança do Consumidor por faixa de renda


Fonte: FGV IBRE.

Outro elemento de destaque da Sondagem é que a melhora da confiança acontece especialmente no índice que mede as expectativas do consumidor em relação aos próximos seis meses, com 100,2 pontos, mais do que na avaliação sobre a situação atual, que registra 73,3 pontos, nível ainda baixo em termos históricos. Viviane Seda, coordenadora das Sondagens do FGV IBRE, afirma que tal resultado pode estar relacionado com a esperança do consumidor de que a inflação mantenha a trajetória de queda. “Outro elemento importante que deve influenciar esse resultado é uma avaliação positiva sobre a recuperação do mercado de trabalho”, diz Viviane.

A economista do IBRE ressalta que esse comportamento é atípico para um período pré-eleitoral, quando as incertezas sobre o futuro tendem a prevalecer, como destacado no Boletim Macro IBRE de setembro, alimentando uma percepção mais cautelosa sobre o futuro. Ela também ressalta que essa evolução vai na contramão dos resultados observados para a confiança dos empresários, –  como já observado tanto na Sondagem de agosto quanto na prévia de setembro –, que apontam a níveis mais altos de otimismo para a situação atual do que para o futuro. “Fatores como a queda do preço da energia e dos combustíveis, reduzindo os custos operacionais das empresas, e a forte recuperação do setor de serviços colaboraram para esse aumento da confiança sobre o presente. Mas, entre os empresários, parece haver maior consciência de que, no final deste ano ou começo do ano que vem, elementos como o reflexo da desaceleração da atividade mundial – com as principais economias do globo operando políticas monetárias restritivas para conter a inflação –, e a necessidade de redução das medidas de estímulo econômico e de reorientação da política fiscal no campo doméstico deverão representar um freio na economia”, afirma Viviane. Por isso, a coordenadora das Sondagens recomenda cautela na avaliação dos atuais resultados dos consumidores, indicando uma possível correção no nível de expectativas adiante.

A Sondagem de setembro indica que o otimismo das famílias em relação à situação financeira nos próximos seis meses subiu 10,4 pontos, para 100,8 pontos. Essa melhora de humor também se refletiu positivamente na intenção de compra de bens duráveis, que registrou uma alta de 5,4 pontos – chegando a uma elevação de 16,7 pontos quando somados setembro e agosto –, chegando a 84,4 pontos.

Mais otimista quanto ao futuro
(resultado em pontos)


Fonte: FGV IBRE.

 


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