Edição de setembro de 2019

Nota do Editor

O crescimento de 0,4% do PIB no segundo trimestre deste ano, embora ainda anêmico, superou as expectativas que o mercado vinha prevendo (a mediana apontava para uma expansão de 0,2%). Mesmo assim, continuam pessimistas as previsões de uma retomada mais vigorosa da atividade econômica. Embora o consumo das famílias continue crescendo bem acima do PIB, a taxa de investimentos, motor para um PIB mais robusto, continua muito ruim.

O governo decidiu liberar os saques do FGTS, na tentativa de dar maior fôlego à economia. Há, no entanto, vários fatores que devem ser levados em conta em relação à essa questão, que vão muito além de injetar mais dinheiro na economia. A matéria de capa desta edição e a Carta do IBRE tratam desse assunto mostrando que, com saques crescentes (caso se confirme o prognóstico dos pesquisadores do FGV IBRE), a consequente diminuição do volume de recursos do FGTS configura uma questão complexa e importante de política pública. O que leva a algumas indagações: faz sentido reduzir um mecanismo de poupança compulsória num país tão carente de poupança doméstica? O FGTS é de fato a melhor forma de financiar e subsidiar o setor habitacional (e secundariamente, saneamento e infraestrutura)? Caso não seja, ainda assim não seria arriscado desmontar um sistema antes de se ter outro em seu lugar? São questões importantes e que podem ter profundo impacto na economia, na geração de empregos e em setores de enorme relevância social.

Na questão política, o cientista político, Fernando Abrucio, da FGV EBAPE, defende que, confirmando-se a conclusão das votações da reforma da Previdência até o início de outubro, o governo entrará em uma nova fase, cujos testes sobre sua capacidade de liderança sem a formação de coalizões serão mais intensos – seja para a aprovação de medidas, seja para mitigar o ímpeto fiscalizador do Congresso. Para ele, a resistência até agora mostrada pelo presidente em dividir o poder é um combustível para o endurecimento dos demais partidos, tornando as coisas mais difíceis para o Planalto.

Outro tema relevante tratado nesta edição é sobre as mudanças que vêm ocorrendo na Petrobras. Seu presidente, Roberto Castello Branco, tem se concentrado em um ambicioso programa de desinvestimentos e de redução de custos sem o qual a companhia não conseguirá competir em um mundo que gradualmente substitui os combustíveis fósseis em sua matriz energética. “Temos que ser uma empresa de baixo custo, porque, se não formos, seremos malsucedidos.”

Claudio Conceição

 


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