Edição de novembro de 2019

Nota do Editor

A incerteza é um dos principais componentes que inibe o investimento e, consequentemente, o crescimento. Em outubro, os níveis de incerteza na economia brasileira apresentaram ligeira queda, mas continuam elevados, acima dos 110 pontos, faixa que vem se mantendo desde agosto de 2015, à exceção do período de dezembro de 2017 a abril de 2018.

A Carta do IBRE desta edição enfatiza os maléficos efeitos da incerteza sobre a economia ao ressaltar que a elevada incerteza, como é bem sabido, leva à retração dos agentes econômicos, estimulando maior ação compensatória dos agentes políticos. Isso, por sua vez, pode aumentar a incerteza, visto que a reação dos agentes políticos – como fica claro no caso de Trump em relação à China – pode ser mais intensa e destemperada. Felizmente, apesar das tensões, o diálogo entre Estados Unidos e China prossegue, mesmo que aos trancos e barrancos. Assim, é possível alimentar alguma esperança em relação ao foco mais agudo de incerteza econômica no mundo atual. O mesmo não se pode dizer, entretanto, do problema causado pela fraqueza da demanda global, um nó muito mais difícil de desatar.

No mesmo caminho, para Antonio Carlos Rocca, eleito o Economista do Ano pela Ordem dos Economistas do Brasil, o desafio da retomada do crescimento brasileiro pode ser dividido em duas partes: as expectativas de curto prazo, que afetam especialmente a camada da população que ainda engrossa as estatísticas do desemprego, subemprego e da informalidade, e as expectativas de médio prazo, as quais, defende, precisam estar mais bem ancoradas para estimular as decisões de investimento do setor privado, já que permeia muita incerteza, não só internamente, como no mundo todo.

Outro ponto crucial, que tem sido tratado nas edições de Conjuntura, é a baixa produtividade da economia brasileira, que trava seu crescimento. Na edição de dezembro, que vai se debruçar sobre o tema, o IBRE estará lançando o site Observatório da Produtividade, tornando-se a principal referência do assunto no país, em seminário que será realizado em parceria com o jornal O Estado de S. Paulo. Sem melhorar a produtividade do trabalho por hora trabalhada, que nos últimos 37 anos – de 1982 a 2018 – cresceu apenas 0,4% ao ano, bem abaixo do observado nos EUA, de 1,6% ao ano, segundo dados do Conference Board, o crescimento brasileiro continuará restrito a voos de galinha.

Claudio Conceição

 


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