Edição de março de 2021

Nota do Editor

Março caminha para ser o pior mês desde que o novo coronavirus desembarcou no Brasil, com a notificação do primeiro caso em fevereiro do ano passado. A curva de infectados e mortos disparou nos últimos dias, tornando iminente o colapso no sistema de saúde se ações rápidas e enérgicas não forem tomadas. A vacinação, por negacionismo, disputas políticas e trapalhadas nas negociações, anda a passos de tartaruga num País com possibilidades de vacinar mais de um milhão de pessoas por dia. Não posso deixar de mencionar que a falta de consciência social e cidadania de parcela significativa da população, que não atende aos apelos de isolamento e distanciamento social, contribui, decisivamente, para o quadro que começamos a viver este mês.

Nos tornamos o epicentro da pandemia no mundo, enquanto os Estados Unidos que liderava essa triste estatística sob o comando de Donald Trump, deu uma guinada de 360 graus, vacinando cerca de 1,5 milhão de pessoas, por dia, sob a administração de Joe Biden que já declarou que, até maio, possivelmente, todos os adultos norte-americanos serão vacinados. Outros países, como Israel e Reino Unido, seguem o mesmo caminho, só para citar alguns exemplos. Evidentemente, ainda há muitos países onde a situação de vacinação é deficiente, mas o nível de mortes e infectados não se compara ao brasileiro que, para piorar, gerou novas variantes do vírus, mais contagiosas e mortais.

Como afirmou Paulo Hartung, ex-governador do Espírito Santo, em entrevista ao Blog da Conjuntura em 29 de dezembro de 2020 (bit.ly/3ptn2Q3), se o desejo é a retomada econômica, o caminho é a vacina. E isso tem sido, insistentemente, repetido por economistas, infectologistas e grande parcela da sociedade que quer se vacinar.

A partir do movimento Unidos pela Vacina, Luiza Helena Trajano, presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza, defende transformar esse sentimento de impotência diante da pandemia do coronavírus em uma rede de apoio para acelerar a imunização e, consequentemente, a retomada da economia – o PIB recuou 4,1% no ano passado e as previsões para o primeiro semestre são desalentadoras. Para Luiza, é preciso aproveitar o despertar da sociedade civil e, a partir dele, pensar o país no longo prazo. 

Já Marcos Nobre, cientista social e professor da ­Unicamp, faz um mergulho na política nacional para analisar como o presidente Jair Bolsonaro tem conseguido manter um nível de aprovação popular constante, mesmo sendo continuamente criticado por sua posição negacionista frente à pandemia. O apelo de Nobre é para que as forças políticas organizadas repactuem suas regras de convivência e, com isso, fortaleçam a democracia para imunizá-la contra outra doença: o autoritarismo. 

Tanto Luiza como Nobre, no fundo, defendem ações que tirem o país desse momento sombrio que vivemos. Cabe a todos, que acreditam na ciência e na necessidade da vacinação, auxiliar nesse esforço hercúleo de combater a pandemia, para que a economia volte a crescer, o desemprego diminua e a desigualdade seja reduzida, já que, com a pandemia, milhões de brasileiros foram jogados na linha da pobreza.

#FiquemBem

Claudio Conceição

 


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