Edição de março de 2020

Nota do Editor

O crescimento da economia brasileira, de apenas 1,1% no ano passado, não deixa de ser frustrante, embora não seja uma surpresa. Crescemos menos que os dois anos anteriores, quando o PIB avançou 1,3%. Com isso, não recuperamos as perdas da recessão de 2015 e 2016, quando o PIB encolheu 3,5% e 3,3%, respectivamente. Estamos no mesmo patamar do terceiro trimestre de 2013. Ou seja: é a mais fraca recuperação de uma recessão registrada no país.

É importante pinçar alguns números que o IBGE divulgou: mesmo crescendo 0,5% no quarto trimestre do ano em relação ao anterior – o nono resultado positivo seguido –, houve uma desaceleração do crescimento em relação ao terceiro trimestre que havia avançado 0,6%. Isso é um sinal de que a economia já estava em um ritmo mais fraco de expansão, mesmo antes da propagação do coronavírus pelo mundo que tem abalado os mercados financeiros e despertado preocupação com uma possível recessão global. E que, seguramente, terá impactos negativos sobre o PIB brasileiro, como já havíamos alertado na Nota do Editor de fevereiro. Outra informação relevante é que, embora os investimentos tenham crescido 2,2% em 2019, eles recuaram 3,3% no último trimestre do ano em relação aos três meses anteriores, mesmo com a aprovação da reforma da Previdência.

Com um investimento que não vem, ameaça de crise global pelos efeitos do coronavírus – o FED americano cortou sua taxa básica de juros no último dia 3 –, crise argentina, dificuldades políticas internas para que novas reformas avancem rapidamente e queda de 1% na produtividade do trabalho no ano passado, segundo estimativas do Observatório da Produtividade do IBRE (https://ibre.fgv.br/observatorio-produtividade), 2020 torna-se um ano de elevada incerteza e de grandes desafios para o país.

Claudio Conceição

 


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