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Edição de maio de 2020
Nota do Editor
Nas duas últimas semanas de abril, além do crescimento dos casos do coronavírus – tendência que deve se acirrar este mês, segundo os especialistas –, a crise política se intensificou com a demissão do diretor da Polícia Federal e a saída do então ministro Sergio Moro. A decisão do STF em barrar a indicação do presidente Bolsonaro para a chefia da Polícia Federal, parece ter esticado a corda ao máximo, com consequências imprevisíveis.
Domingo, dia 3 de maio, o presidente voltou a atacar o STF, mandando um perigoso recado de que as Forças Armadas estavam a seu lado e do povo. Dias antes, havia afirmado que a Constituição era ele.
Ao escrever esta nota, não consigo avaliar aonde chegaremos. A única coisa clara é que não poderia ocorrer agora, com o número de infectados e mortes subindo, um embate que pode colocar em risco as instituições e a vida de milhares de pessoas, já que há pouco empenho do governo central em seguir as orientações da Organização Mundial da Saúde de manter isolamento como praticamente todos os países estão fazendo.
Embora muitos governadores estejam tomando medidas para que a população fique em casa, se não houver uma eficiente coordenação entre o Ministério da Saúde com estados e municípios, o que até o momento não ocorreu – e dificilmente ocorrerá pela posição do presidente até o momento – não será possível minimizar os impactos sociais e econômicos da pandemia no país com maior rapidez, como alerta a Carta do IBRE deste mês e a economista da UFMG, Mônica Viegas, especialista em economia da saúde, na entrevista que começa na página 12.
Os estragos na economia já estão feitos. Já é certo que a economia mundial vai mergulhar numa grande depressão, puxando o PIB brasileiro para baixo. Os cenários traçados pelos economistas são díspares. Quedas que variam da casa dos 6% aos 10%, desemprego na faixa dos 18% e redução da renda per capita nesta década pior do a que foi registrada nos anos 80 – a maior queda histórica do início do século passado. São cenários. Como afirmei na Nota do Editor do mês passado, não há nenhuma certeza ou algo que se aproxime disso. O que se prevê hoje pode não valer nada amanhã.
A prioridade é reduzir o contágio da Covid-19 e traçar um plano de contingência para retorno gradual das atividades, o que alguns países começam a adotar. Por aqui, isso ainda é uma peça de ficção, infelizmente.
#FiqueEmCasa
Claudio Conceição
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