Edição de maio de 2019

Nota do Editor

A queda de 1,7% na produção industrial em março, em relação a fevereiro, com uma retração acumulada de 2,2% este ano, reforça as expectativas de que a atividade econômica em 2019 terá um crescimento pífio. Foi o pior resultado da indústria desde setembro de 2018. A taxa de desemprego permanece elevada e os índices de confiança ainda estão longe do razoável.

A perspectiva de fechar mais um ano com o PIB sequer roçando os 2% tem transformado a agenda de reformas no campo fiscal a pedra-de-toque para a retomada do crescimento do país. Quando se trata de dinamizar a atividade econômica de forma sustentada, entretanto, há outra variável menos popular que não pode ser esquecida: a produtividade, que no Brasil tem evoluído lentamente. Muitos fatores, tanto no campo micro quanto no macroeconômico, concorrem para o

aumento da produtividade, como uma economia aberta e competitiva, educação de qualidade, e um bom ambiente de negócios que reduza o custo da formalidade e do investimento. Esse é o foco da matéria de capa deste mês que pode ser lida a partir da página 36.

A produtividade do trabalho no Brasil por hora trabalhada cresceu em média apenas 0,4% ao ano entre 1982 e 2018. Esse ritmo é extremamente lento para um país em desenvolvimento, e se constitui numa das causas centrais pelas quais o Brasil há décadas não converge para os padrões socioeconômicos dos países mais avançados. Entender, diagnosticar e propor soluções para o problema do baixo crescimento da produtividade brasileira, portanto, é um ponto crucial da atual agenda de desenvolvimento do país. Negligenciar o debate da atual agenda de reformas sob o ponto de vista de seu impacto sobre a produtividade será desperdiçar uma oportunidade ímpar de elevar o potencial de crescimento da atividade brasileira, como mostra a Carta do IBRE desta edição.

Referência em produtividade, Conjuntura Econômica entrevistou Santiago Levy – ex-ministro de Finanças e Crédito Público, criador do Bolsa Família do México –, sobre as razões do país não garantir um PIB vigoroso, apesar da estabilidade econômica, abertura comercial, aumento do investimento e de escolaridade, apontados na literatura econômica como fundamentais para um país próspero e produtivo. Para Levy, sem combater a má alocação de recursos, especialmente a que estimula a informalidade, qualquer receita para ampliar a produtividade terá seu potencial comprometido.

Claudio Conceição

 


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