Edição de agosto de 2019

Nota do Editor

Há um grande esforço, especialmente dos economistas, em procurar entender por que o país não cresce. Apesar dos bons sinais emitidos com a aprovação, na Câmara, da reforma da Previdência, a ligeira queda na taxa de desemprego e a redução em 0,5 ponto na taxa básica de juros, não há nenhum sinal concreto de que a trajetória de um PIB anêmico seja revertida este ano, devendo ficar perto de 1%.

O governo, na busca de soluções mais imediatistas para, pelo menos, alavancar a atividade econômica, decidiu liberar parte do FGTS que, a princípio, seria um percentual das contas ativas. Por pressão das construtoras, voltou atrás e limitou os saques a R$ 500,00. Nesse contexto a Caixa cortou significativamente a taxa de juros nas suas principais linhas de crédito – medida semelhante quando da utilização dos bancos públicos no governo Dilma, com resultados catastróficos.

Há, mundo afora, uma onda do aumento do populismo. O crescimento das economias será menor, com um forte achatamento da classe média, aumento do percentual dos mais pobres e muita gente concentrando mais riquezas. Estamos vivenciando uma mudança muito rápida, depois do processo de globalização que pode ter levado ao quadro atual.

Os instrumentos clássicos para que uma economia cresça podem estar mudando. Especialmente aqui no Brasil que sofreu profundas transformações nos últimos anos. Há, ainda, o sentimento de que o Estado deva ser o provedor de recursos, quer seja através de investimentos ou de subsídios e isenções.

Sem estímulos, não há como crescer. Uma das saídas, defendidas por economistas do FGV IBRE, seria a retomada de obras de infraestrutura paradas as quais poderiam ser retomadas para dar um fôlego à economia.

Mas, com a grave crise fiscal, os recursos públicos estão minguados. Ampliar os investimentos privados esbarra num emaranhado de problemas: o sistema tributário do país consome enorme tempo das empresas, se tornando altamente oneroso; o ambiente de negócios não é claro, sem segurança jurídica, piorando com a incerteza sobre o que o atual governo pretende; a produtividade é uma das mais baixas do mundo; a violência aumenta. E, para piorar, o governo gera muito ruído, o que prejudica a recuperação, além de estar se esforçando para piorar a imagem do país no exterior, com atos e gestos desnecessários.

São tempos bicudos.

Claudio Conceição

 


Clique aqui para ler a versão digital Conjuntura Econômica

Subir