Edição de abril de 2020

Nota do Editor

A velocidade de propagação e contaminação do coronavírus torna qualquer informação altamente perecível. No Brasil, onde a disseminação começou há pouco mais de um mês, muitos exercícios estão sendo feitos sobre os impactos da pandemia sobre o país, com base no que ocorreu no resto do mundo, já que não há dados sobre os efeitos em países em desenvolvimento, onde as condições de moradia, aglomerados populacionais, saneamento básico, desigualdade social, mobilidade urbana e estrutura hospitalar, são crônicos. Certamente, os efeitos no Brasil podem ser bem mais severos devido às condições adversas.

Para piorar ainda mais esse quadro tenebroso, o presidente tem incentivado o fim da quarentena, recomendada pelos especialistas e que vem sendo seguida mundo afora.

Além das mortes inevitáveis e da desorganização da economia, parece inevitável que um novo mundo emergirá depois que o vírus for controlado, através de uma vacina que os cientistas buscam em todo o mundo.

Dentro desse cenário, mesmo os economistas liberais passaram a defender com ênfase uma participação mais eficaz do governo federal para combater a pandemia. Embora o governo central tenha tomado algumas medidas, o que se observa é uma queda de braço com os governadores que tomaram a frente em ações, como o isolamento, única forma de reduzir a disseminação do vírus, segundo especialistas e recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Se não bastasse a perda de vidas e a desorganização do sistema produtivo, fake news pululam nas redes sociais sobre a necessidade do isolamento e a iminência de forte desabastecimento, gerando mais incerteza e pânico à população, já confinada em suas residências.

Milhões de pessoas perderão seus empregos com a forte recessão que vai sacudir o mundo. No Brasil, dada a grande informalidade da economia, fazer chegar renda a essas pessoas é bastante complexo, pela inexistência de um cadastro abrangente e dificuldades que o dinheiro, no caso o voucher de R$ 600,00 aprovado pelo Congresso, chegue nas mãos de quem realmente precisa (ver Carta do IBRE). Por aqui, qualquer cenário que for traçado para a economia corre o risco de virar pó no dia seguinte. 

Nos resta obedecer as orientações dos especialistas, ficar em casa, e torcer para que o pico da pandemia arrefeça ou seja controlado, como ocorreu na China e outros países asiáticos. 
Nossa matéria de capa mostra o esforço dos pesquisadores do IBRE em avaliar, dentro desse cenário de altíssima incerteza, os impactos dessa pandemia sobre as pessoas e o país.

#FiqueEmCasa

Claudio Conceição

 


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